Quando eu dizia, há dois anos atrás, que vinha morar em Bari, muitos perguntavam
espantados: "- Em Bali?! Por que tão longe?", ou então: "Bari...
Bariloche?". Não bastava dizer somente Bari, tinha que dar as coordenadas
geográficas: sul da Itália, no salto da bota, às margens do mar Adriático, com
vista pra Grécia e pra Albânia, só assim ia situando um pouco as pessoas. Hoje
estou aqui, em Bari, capital da Puglia, e finalmente decidi contar parte dessa
aventura. Este blog vai ser uma espécie de colcha de retalhos, se eu tiver tempo
pretendo falar de tudo que gosto e me interesso, mas quero principalmente falar
desta terra fantástica. Bem-vindos!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

02 - ADELFIA E SAN TRIFONE

Pra quem está pegando o bonde agora, eu explico, estou contando algumas curiosidades da cidadezinha onde vivo, Adelfia. No post de ontem tem a introdução, pra quem quiser saber um pouco mais.
Adelfia tem uns 17 mil habitantes, somadas as populações de Canneto e Montrone, não esqueceram da rivalidade, certo? Comparável somente aos Capuleto e aos Montecchio.
Adelfia tem também dois santos padroeiros, San Vittoriano protege Canneto e San Trifone abençoa Montrone. O primeiro se festeja no dia 23 de julho, e San Trifone, que tem a festa mais importante e mais bonita, e não digo isso por ser uma "montronese" desde criancinha, mas sim porque a festa de San Trifone faz parte do calendário de eventos da Puglia, e é uma das mais populares e multitudinárias do sul da Itália, se festeja no dia 10 de novembro, ou seja, foi na semana passada.
Conta a lenda que Trifone era um jovem pastor capaz de curar e exorcizar as pessoas. Nascido na Turquia no ano 232, foi um dos mártires do cristianismo, morreu decapitado porque se negou a obedecer as leis do Império Romano que obrigavam a adoração de deuses pagãos.  Já é possível imaginar quantos homens em Adelfia se chamam Trifone, o que realmente, neste caso, não dá pra considerar um benção!
Voltando à festa, ela dura uma semana! A cidade é literalmente invadida por forasteiros que vêm de todas as partes da Itália. Inúmeras procissões, música, dança, comida e bebida distribuída ou vendida a preços simbólicos, artistas de rua, ruas decoradas com estandartes e iluminação especial, bandas marciais que ficam num vai-e-vem o dia inteiro, incluindo uma bandinha que percorre as ruas durante a madrugada, sim, acordando os moradores todas as noites, e não interessa se alguém tem que levantar cedo na manhã seguinte, durante San Trifone isso é apenas um detalhe. As pessoas quando se encontram pela rua se cumprimentam dizendo "buon San Trifone", e é comum ouvir gritos de "...E Viva San Trifone!" a qualquer hora do dia. A festa culmina no dia do santo, 10 de novembro, quando fazem a grande competição de fogos artificiais diurnos, coisa que eu nunca imaginei que existisse, bom...mas isso é história pra amanhã.
As fotos abaixo mostram: 1. a imagem do santo durante a procissão.  2. as ruas tomadas.  3. a iluminação da praça principal.    4. a imagem do santo pintada por um "madonnaio", artistas que pintam imagens no chão. 5. pane e focaccia.




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