Quando eu dizia, há dois anos atrás, que vinha morar em Bari, muitos perguntavam
espantados: "- Em Bali?! Por que tão longe?", ou então: "Bari...
Bariloche?". Não bastava dizer somente Bari, tinha que dar as coordenadas
geográficas: sul da Itália, no salto da bota, às margens do mar Adriático, com
vista pra Grécia e pra Albânia, só assim ia situando um pouco as pessoas. Hoje
estou aqui, em Bari, capital da Puglia, e finalmente decidi contar parte dessa
aventura. Este blog vai ser uma espécie de colcha de retalhos, se eu tiver tempo
pretendo falar de tudo que gosto e me interesso, mas quero principalmente falar
desta terra fantástica. Bem-vindos!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

25 - O CÉU DE ADELFIA


Este post é para homenagear o céu da minha Adelfia, esta tranquila e simpática cidadezinha da província de Bari, onde vim parar de mala, cuia e cachorro há quase três anos atrás. Já falei dela nos posts  1,  2, 3 e 19, e quem estiver entrando pela primeira vez no blog pode dar uma olhada para conhecer um pouco da história e costumes deste lugarzinho rodeado de vinhedos e oliveiras, e que tem um céu espetacular. Amo o pôr-do-sol daqui, e me sinto privilegiada porque o terraço aqui de casa (todas as casas têm terraço ou "laje" por aqui, não é esnobismo, é uma tradição das construções do sul do mediterrâneo) fica de frente para o pôr-do-sol, no "pacote", além do sol, vêm também as antenas de TV, que são milhares espalhadas por toda a cidade, e que dá pra ver em todas as fotos. 
No verão e na primavera este céu nos brinda com verdadeiros espetáculos, que tento conservar na retina, na lembrança, e em fotos. Tenho muitas e muitas fotos deste céu iluminado, vivo, que às vezes parece pegar fogo.  E hoje deixo aqui uma pequena mostra desta beleza.  
 


 
 


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

24 - LA NOTTE DELLA TARANTA

No post de ontem falei sobre a Pizzica, o Salento, o Tarantismo, e a Noite da Taranta, e disse que não sabia se ia ao concerto em Melpignano por causa do calor, da multidão que estava se dirigindo pra lá, etc e tal, bom, o calor de 40 graus me venceu, e decidi ficar em casa e assistir pela TV na ótima transmissão do canal Cielo. E consegui fazer umas fotos da TV (nunca tinha feito isso!), que ficaram bem legais. O Concertone foi maravilhoso, imagino que ao vivo seja uma experiência única! Fica pra uma próxima vez!
O maestro concertatore da Notte della Taranta deste ano: Goran Bregovic
 
O cenário foi feito com as luminárias que são tradição nas festas do sul da Itália. E estas foram feitas por artesãos do Salento.
 
Tamburellista da Orquestra da Noite da Taranta.
 
Músicos da banda de Goran Bregovic, a Orquestra para Casamento e Funeral.
 
Músicos tocando o tamburello, o principal instrumento da Pizzica.
 
O palco, montado ao lado da igreja barroca de Melpignano, que acaba incluída no cenário e produz um efeito belíssimo.
 
Cantoras da Orquestra de Goran Bregovic
 
Um das bailarinas dançando a Pizzica.
 
A praça tomada por mais de cem mil pessoas.
 
O tamburello, protagonista absoluto da Noite da Taranta.
 
 
 
 Músico salentino da Orquestra da Noite da Taranta

sábado, 25 de agosto de 2012

23 - PIZZICA, TARANTA, BREGOVIC…

Hoje a Puglia vive La Notte della Taranta. Na verdade o Salento vive em toda a sua intensidade a sua noite máxima, a noite da Pizzica. Certamente você que acabou de ler estas duas frases não entendeu nada, a menos que seja um iniciado no assunto. E deve estar se perguntando o que é a Notte della Taranta, e até mesmo o que é Taranta, o que é o Salento, o que é a Pizzica, e pode ser que, inclusive, um leitor de primeira viagem aqui do blog pode estar perguntando-se o que é a Puglia! Bom, esta última pergunta tem resposta por todo o blog, desde o pequeno texto de apresentação. Então vamos diretamente descobrir o que é o Salento. Acho legal entender o lugar pra depois entender suas manifestações culturais. Salento é o nome que se dá a uma região cultural do sul da Puglia. Prefiro dizer cultural porque o Salento é bem mais que um limite geográfico, trata-se do finzinho do “salto da bota”.  A península salentina fica entre o mar Jônio e o mar Adriático(ver o mapa abaixo), diz-se que é a fronteira entre o Oriente e o Ocidente, tanto que é possível ver o sol nascer no Adriático e depois, percorrendo 48 km, ver o pôr-do-sol no Jônio. Compreende toda a província de Lecce, o que faz com que todo leccese seja salentino, parte da província de Brindisi, e parte da província de Taranto, o que faz com que nem todos os brindisinos e tarantinos sejam salentinos, entenderam o conceito?  O Salento é uma identidade cultural, uma identidade que o diferencia de outras partes da Puglia, ali, pela sua particular localização geográfica,  desenvolveu-se uma mistura muito peculiar entre culturas e tradições muito antigas (gregas, turcas e balcânicas), que influenciou desde a arquitetura de típicas casinhas brancas de telhados planos, de clara influência grega, ou o florescimento no século XVII e XVIII, de um barroco com influência espanhola, denominado barroco leccese, até uma música única, de um ritmo frenético chamada Pizzica.


A Pizzica tem sua origem na crença popular de que a picada da tarântula “endemoniasse” a vítima, que geralmente eram jovens mulheres chamadas de Pizzicate (picadas), e só a dança frenética acompanhada pelo ritmo de tamburelli (pandeiros), mais a ajuda de São Paulo e São Donato, eram capazes de livrar a pobre moça daquele espírito maléfico que teria sido colocado dentro dela através da picada da tarântula. A própria Igreja alimentava esta crença, que unia sacro e profano, ao invés de mandar as moçoilas histéricas ao médico, porque na verdade é disso que estamos falando, de ataques de histeria que a crença popular e religiosa preferiam atribuir à aranha e ao demônio (não que alguma vez não tenha realmente havido uma picada de tarântula, deixemos claro). Ao fenômeno da pessoa picada pela tarântula se dava o nome de Tarantismo, e à Pizzica também se denominava Taranta. Só mais tarde transformou-se em dança folclórica, se bem que em algumas partes do Salento foi utilizada como “exorcismo” até a primeira metade do século XX. Existe muita bibliografia interessante sobre o tema, desde o ponto de vista musical, histórico, sociológico, antropológico e até médico.  Durante muitos anos a Pizzica, por estar associada ao tarantismo, foi considerada uma forma de atraso cultural do qual muitos se envergonhavam.

A partir do anos 70 a música e a dança foram redescobertas, e atualmente através de grupos que repropuseram o estilo e fizeram diferentes releituras, inclusive com a participação de músicos de fora da Itália como o baterista Stewart Copland, e o músico balcânico Goran Bregovic, a Pizzica renasce com mais força do que nunca, e principalmente entre o público jovem.
Esta noite o Salento não vai dormir, vai sim é dançar muito ao ritmo da Pizzica na Notte della Taranta,  o Festival que tem duração de uma semana,  e se desenvolve em praças de diversas cidades salentinas, culminando no Concertone (o Grande Concerto), que reúne na pequena cidade de Melpignano ao redor de 120 mil pessoas, e dezenas de músicos italianos e estrangeiros. Este ano o maestro convidado pra organizar este verdadeiro “ritual” é Goran Bregovic, que passou toda a semana na região acompanhando as manifestações, e que esta noite estará no palco de Melpignano regendo L’Orchestra della Notte della Taranta junto a sua Goran Bregović Wedding & Funeral Band, e outros grupos balcânicos e salentinos. E eu, se me animar a enfrentar as duas horas de carro que me separam de Melpignano, na estrada mega engarrafada que estão mostrando na TV, e mais os 40 graus de hoje, poderei contar um pouco do que vi.

A dopo!
Denise

Taí a programação do Concertone de hoje, alguém se anima?

Concertone
Orchestra “La Notte della Taranta” diretta dal Maestro Concertatore Goran Bregović
Con la partecipazione di
Goran Bregović Wedding & Funeral Band
Tonči Huljić & Madre Badessa Band
Nenad Mladenovic Orchestra dal Festival di Guča
Il Coro delle Mondine di Novi
La Banda Musicale di Racale

Assistente musicale del maestro Goran Bregović
Ninoslav Ademović

Assistenti all’orchestrazione
Mauro Durante e Claudio Prima

Também deixo este link com a entrevista de Bregovic sobre sua participação no Festival e o link da página oficial da Notte della Taranta:
http://www.lanottedellataranta.it/comunicazioni/news/item/77-bregovic-la-vostra-star-è-la-pizzica.html
http://www.lanottedellataranta.it/home.html
 

sábado, 12 de maio de 2012

22 - SAN NICOLA E O FOLHETO "ANTISCIPPO"

E pra finalizar com a série sobre os festejos de San Nicola, tenho uma historinha engraçada pra contar. Trata-se da "inteligente" iniciativa do governo da Província de Bari, que juntamente com a Polícia local publicaram um folheto escrito em cinco idiomas que avisava como o turista deveria se comportar na cidade durante as festas, enfatizando a questão da segurança do visitante. Só que o tal folheto trazia as regras que o turista deveria seguir para não ser roubado durante a sua permanência em Bari, através de desenhos que mostravam os tipos de roubos que poderiam vitimar o forasteiro.  Todos sabem que roubos podem acontecer em qualquer cidade turística do mundo caso você ande pela rua sem o mínimo de atenção. Porém entregar no aeroporto, e nos postos de informação turística, um folhetinho deste tipo é no mínimo dar um tiro no pé! O incauto turista já entraria em pânico na hora, pensando que Bari é uma cidade perigosa, coisa que está longe de ser verdade. Não preciso dizer que foi a polêmica da semana!  A imprensa local atacou imediatamente a desastrada iniciativa, e a secretária de turismo da Região Puglia apelou ao bom senso daqueles que idealizaram o material para que recolhessem tudo o que já havia sido distribuído, e lembrou que o Governo da Puglia está investindo fortemente no desenvolvimento turístico da cidade de Bari através de campanhas de divulgação turística em Moscou (de onde chegam milhares de peregrinos todos os anos), com a criação do Festival Russo em Bari, do Festival de Música de Verão, com a construção do novo Centro de Congressos, enfim, tantas ações positivas que poderiam ser prejudicadas pela atitude irresponsável do Governo da Província.

E pegando a ideia da Maria Fabriani do blog Montanha-Russa, que por sua vez confessou que pegou de outro blog, (afinal, nada se cria tudo se copia...) vou introduzir no blog a palavra em italiano do dia.

*A palavra em italiano de hoje é scippo, roubo. E a pronúncia é "xipo".

Estes são alguns desenhos do polêmico volantino antiscippo.
 


quinta-feira, 10 de maio de 2012

21 - AINDA SAN NICOLA

Ainda no clima da festa de San Nicola, que foi intensamente vivida durante três dias por toda a cidade de Bari (tudo explicado no post anterior), vou colocar alguns vídeos pra vocês terem uma idéia do que contei ontem.
O primeiro foi feito por mim, são algumas imagens que gravei da saída do Desfile Histórico (Corteo Storico) em frente ao Castelo Svevo de Bari. Os outros dois encontrei no Youtube e as imagens estão ótimas. Um deles faz um resumo da saída do Santo em procissão até chegar ao porto, e o outro mostra cenas, em TimeLapse, do Desfile Histórico, bem engraçadinho porque usaram como trilha uma tarantella cantada em dialeto barese, e nas imagens finais o autor presta a sua homenagem à adorada cerveja Peroni, detalhe que não pode faltar quando se fala de Bari, coisa que também expliquei no outro post.






quarta-feira, 9 de maio de 2012

20 - NOVE DE MAIO: FESTA DE SAN NICOLA

Pois estamos em plenos festejos de San Nicola, o santo padroeiro de Bari (lembram do post sobre o Papai Noel que escrevi em dezembro? Lá eu contei a história do Santo, que foi Arcebispo de Mira, na Turquia, e que é venerado por católicos e ortodoxos). Bari para nestes três dias de festa em homenagem ao seu Santo. Hoje, dia 9, é o dia da traslazione, isto é, o dia em que os 62 marinheiros bareses, em 1087, trouxeram o corpo de San Nicola para ficar definitivamente na cidade.

A festa dura três dias. Começa no dia 7 com o corteo, um desfile pelo centro de Bari  com a presença de centenas de figurantes representando a vida do santo, até a chegada do barco trazendo seus restos mortais.  Geralmente escolhem um diretor de teatro para organizar este evento, fazem testes para escolher os participantes, confeccionam figurinos, ensaiam, enfim, tentam fazer uma bela produção, porém para quem está acostumado a ver desfiles de escolas de samba, o desfile de San Nicola deixa muito (mas muito!) a desejar.  No dia 8 a Basílica abre às 5:00 da manhã para a primeira missa, e até às 13:00 missas são realizadas de hora em hora. Às 6:45 sai a procissão pelas ruas de Bari Vecchia. Levam o santo, não a passo solene, mas sim dançando e pulando, até o porto, para a procissão marítima. No fim da tarde ao retornar a imagem, agora sim em procissão solene, ela é colocada na Piazza del Ferrarese, na entrada de Bari Vecchia, e se realiza ali uma grande missa ao ar livre. No último dia, que é o aniversário da traslazione, depois de diversas missas, o arcebispo de Bari faz a extração da Manna, o líquido que surge todos os anos no túmulo de San Nicola, e que é considerado um milagre do santo. Depois, essa Manna será devidamente engarrafada e o vidro adorado pelos devotos. O final da festa, como não poderia deixar de ser, termina com um espetacular show de fogos de artifício.

Mas é preciso dizer que durante a festa a cidade recebe milhares de turistas e peregrinos que vêm de várias partes da Itália, e principalmente da Europa Oriental, afinal San Nicola é o santo da união entre Oriente e Ocidente. Da Itália chegam muitos peregrinos a pé, como um grupo de 82 pessoas que caminhou 450 kms desde Abruzzo. Da Europa Oriental, em especial da Rússia, os devotos chegam por terra, ar e mar. É uma verdadeira invasão, hotéis lotados, cidade intransitável literalmente, pois a polícia fecha ao trânsito Bari Vecchia (que é o centro histórico) e o Muratiano  (o bairro central que fica fora da antiga muralha). A língua que mais se escuta é o russo, seguido de outras línguas eslavas irreconhecíveis. Os vendedores de comida e bebida se espalham como praga por todo o centro, são as chamadas bancarelle, regulares ou irregulares, não importa, nestes três dias se come muita sgagliozza (polenta frita), panzerotto (pastel frito), focaccia barese (a melhor!), espetinhos de carne e de polvo (alguns duvidosos), e polvo grelhado, tudo regado a birra Peroni, a cerveja local, considerada por TODOS os bareses a melhor cerveja do mundo! Quem é gaúcho sabe do que eu estou falando, quem não conhece a Polar?!
A imagem dentro da Basílica

Início da procissão



Concentração para o Corteo

Passagem do Corteo pelo Corso Vittorio Emanuele, centro de Bari.

Todos querem um San Nicola pra levar como lembrança.

Garrafa contendo a Manna de San Nicola (foto da Web)

Vai um espetinho?!

Panzerotti e birra Peroni (foto do blog www.cucinamente.it)



segunda-feira, 19 de março de 2012

19 - FALÒ DI SAN GIUSEPPE


Post relâmpago pra contar que hoje, 19 de março, se festeja o Dia dos Pais na Itália e em muitos países da Europa,  justamente porque é o dia de São José (San Giuseppe). É uma data em que tradições cristãs e pagãs se misturam. Na noite de San Giuseppe se faz uma grande fogueira onde queima-se uma enorme quantidade de lenha seca simbolizando o fim do inverno e a chegada da primavera, que traz com ela o renascimento da natureza,  costume anterior ao cristianismo. A essa fogueira se dá o nome de falò. Também é o dia de comer a zeppola, doce típico desta festividade aqui no sul da Itália.
Adelfia também tem sua fogueira, ou o seu falò, que foi queimado hoje às 20:30, e aí estão as fotos pra vocês.  E FELIZ DIA DOS PAIS!




Zeppola di San Giuseppe




sexta-feira, 2 de março de 2012

18 - LUCIO DALLA + PUGLIA



Impossível não falar de Lucio Dalla um dos maiores artistas italianos, que se considerava pugliese de coração. Lucio morreu ontem, 1º. de março, vítima de enfarte, na cidade suíça de Montreux. Ironia do destino ou não, morreu justamente na cidade que é mundialmente conhecida pelo famoso Festival de Jazz, estilo no qual iniciou sua carreira e pelo qual era apaixonado. Sua morte pegou toda a Itália de surpresa, pois o cantor estava em Montreux começando uma nova turnê que incluía shows em vários países europeus, e apenas havia participado do festival de Sanremo com a belíssima canção Nanì.  Lucio Dalla era um “pequeno notável”.  Baixinho, e fora dos padrões de beleza dos ídolos italianos dos anos 60, tinha um talento gigantesco. Tocava piano, sax, e era considerado um virtuose do clarinete, tinha formação jazzística, iniciou sua carreira em 1962, e sua produção musical passou pela música experimental, pela canção de autor, fazendo até incursões pela lírica. Fez também cinema. Suas letras poéticas, e muitas vezes falando dos desvalidos, logo ganharam o público, e Lucio passou a fazer parte do grupo de estrelas da música italiana. O primeiro grande sucesso foi Gesù Bambino, que por problemas com a censura da época, foi apresentada no Festival de Sanremo de 1971 com o nome de 4 marzo 1943, sua data de nascimento. A música teve uma versão no Brasil feita por Chico Buarque, chamada Minha História. Após inúmeros sucessos, Lucio compôs Caruso, que se tornou uma das canções mais famosas na história da música italiana.
Lucio Dalla tinha uma forte ligação com a Puglia. Sua mãe nasceu em Manfredonia, e ele, nascido em Bologna, na Emilia Romagna, passava suas férias no Gargano (o assunto dos dois posts anteriores). Foi ainda pequeno que conheceu e se encantou pelas ilhas Tremiti, que ficam em frente ao Lago de Lesina (lembram do lago?). Mais tarde comprou uma casa ali e tornou-se um defensor das ilhas participando ativamente contra a exploração petrolífera do Adriático que ameaça o arquipélago.  Era cidadão honorário tanto de Manfredonia quanto das Ilhas.
Lucio Dalla nas ilhas Tremiti
AS ILHAS TREMITI
Pertencente à província de Foggia e ao Parque Nacional do Gargano, são chamadas as pérolas do Adriático. Desde 1989 parte do seu território constitui a Reserva Natural Marinha Ilhas Tremiti.
Embora sendo o menor município da Itália em território e o segundo menos populoso, tem apenas 496 habitantes, é importante centro turístico da região gargânica pela qualidade de suas águas. O pequeno arquipélago é constituído por 6 ilhas, mas só duas são habitadas, San Nicola, onde vive a maior parte da população, e San Domino, onde se encontram as principais estruturas turísticas e é a única ilha com praias arenosas.
Pode-se chegar às ilhas com as barcas que partem de Manfredonia, Vieste, Peschici, Rodi Garganico ou Termoli.
                            Parte do Arquipélago de Tremiti (foto Regione Puglia)

Ilha San Nicola ao fundo  (foto web)
Lucio Dalla em sua casa de Tremiti  (foto Ansa)
(foto de Antonio Notariello)
(foto de Antonio Notariello)
(foto web)
A incrível transparência das águas de Tremiti (foto web)
Chega-se ao arquipélago partindo de Termoli, Rodi Garganico, Vieste, e Manfredonia.

quinta-feira, 1 de março de 2012

17 - VIAJANDO PELO GARGANO - PARTE 2

Onde foi mesmo que paramos no último post?!  Aaah! Pessoal ligado, hein? Isso mesmo, estávamos caminhando pelas ruelas do centro histórico de Vieste, aquela cidade maravilhosa do Gargano. Pois hoje continuamos o passeio ainda ali, porque depois de visitar a parte histórica, e comer, em um dos tantos restaurantes típicos, um bom orecchiette con ragù d'agnello (orecchiette -a massa da Puglia-com cozido de cordeiro), é hora de descer e conhecer a praia de Vieste que além da areia branquinha e do mar sensacional, tem uma montanha de pedra simplesmente cravada entre o mar e a areia, um verdadeiro capricho da natureza.





Terminada a visita nos dirigimos a Peschici, cidade de aproximadamente 5 mil habitantes, que fica a uns 35 km de Vieste. O centro histórico é bem menor que o de Vieste, mas não menos encantador, até porque ele termina literalmente num precipício.  É possível entrar de carro até o centro, depois de encontrar um lugar pra estacionar, caminhe muito, e leve em consideração que Peschici é mais alta que Vieste, e suas ruelas são muito mais íngrimes. O centro termina nas ruínas do castelo, como se vê na foto abaixo, a vista é realmente de tirar o fôlego.

Peschici também tem belas praias, e é um dos balneários mais concorridos no tórrido verão pugliese.



Saindo de Peschici vamos em direção a Rodi Garganico, cidadezinha de 3500 habitantes. Rodi tem duas praias, vindo de Peschici você chega pela praia de Levante, depois é preciso atravessar a cidade para poder chegar à outra praia chamada Ponente, e só assim continuar viagem.

Foto aérea de Rodi Garganico com as praias de Levante e Ponente. (foto Wikimedia Commons)


A estas alturas da viagem já estamos começando a abandonar o mar para poder sair do Gargano. A estrada agora passará em meio às plantações de tomates e oliveiras, e muitas são as cidadezinhas que se encontram no caminho: Carpino, Cagnano Varano, Sannicandro Garganico, Apricena. Essa parte baixa do Gargano tem dois lagos enormes,Varano e Lesina (é palavra proparoxítona, pronuncia-se Lésina), que estão separados do mar Adriático por uma estreita faixa de terra, e a paisagem é única. No lago de Lesina existe uma grande criação de enguias, e não é difícil imaginar qual é o prato típico local: minestra d'anguilla! (sopa de enguia). Considerada uma verdadeira iguaria, conta-se que esse prato era o preferido do Imperador Federico II (lembram dele?), no distante século XIII. 

Abaixo um mapinha que mostra os dois lagos, e assim vocês têm uma idéia de tudo o que já viajamos desde Margherita di Savoia.


É aqui, depois do lago de Varano que concluímos nosso roteiro de quase 200 km entre Margherita di Savoia onde iniciamos a viagem, e San Severo, onde pega-se novamente a superstrada 16 Bis pra retornar a Bari.

Se você puder dedicar dois dias pra conhecer o Gargano acrescente a este roteiro as cidades de Monte Sant'Angelo e San Giovanni Rotondo que citei no post Conhecendo a Puglia de Norte a Sul, sobre as quais falarei em breve.

Fiquem com mais fotos!

Peschici
Peschici

Peschici

Peschici

Peschici

Peschici

Peschici

Peschici

Peschici

Peschici

Lago de Varano, na parte inferior da foto o mar Adriático, separado do lago por aquela estreita faixa de terra.(foto web)

Lago di Lesina. Em primeiro plano a cidade de Lesina, depois o lago e o mar.